quinta-feira, 8 de outubro de 2009

COMO ENTENDER A IMPRENSA

Conta-se que o trabalho de Assessoria de Comunicação surgiu na Idade Média, quando monarcas se viam envolvidos em crises com oposicionistas ou com classes sociais inferiores à nobreza. Os escolhidos eram, geralmente, alguém de fora da elite social. Apesar de serem mais amigos do rei que de plebeus, os “assessores reais” não deixavam de ser confiáveis e acessíveis.

Esse é exatamente o perfil ideal do assessor: acessível e relativamente confiável.

No entanto, essas não são as únicas qualidades profissionais requeridas. Para que o trabalho das assessorias de comunicação seja potencializado, existem algumas técnicas bem-sucedidas que já foram muito usadas no passado. Embora possuam denominações aparentemente novas, Media Training, Approaching e Follow-up são estratégias nada novas, praticadas largamente no mercado internacional e que significam, respectivamente, saber falar e se aproximar do público, acompanhando os resultados dessas e outras ações.

Compreender a mídia é um requisito básico nesse ramo. Embora faça parte do mesmo sistema, cada um dos veículos de comunicação tem personalidade própria e todas suas formas de ação objetivam atender as expectativas do seu público. Entender essas características e saber lidar com elas é um compromisso não somente dos gestores e das assessorias.

A técnica denominada media training, muito mais efetiva no setor privado, é um das ferramentas ideais para a compreensão do raciocínio da imprensa. Seu objetivo é tornar claro o conceito de comunicação bilateral, permitindo total sintonia entre o gestor público e o comportamento e rotina das redações.

Entre as muitas dificuldades de compreensão da mídia, a “queda” de uma matéria, ou seja, a suspensão ou cancelamento de uma entrevista é algo corriqueiro no dia-a-dia de uma tevê, mas muitos não estão preparados para essas ocasiões.

Lidar com esse tipo de problema é uma tarefa desafiante porque, na maioria das vezes, quem se sente prejudicado não resiste à vontade de esbravejar. A compreensão está fora dos padrões de comportamento da maioria das assessorias. Brigar é melhor que “deixar pra lá”. Poucos experimentam o proveito da compreensão, ou “passividade”, como alguns preferem considerar essa conduta.

Repórteres ou produtores podem assumir posturas arrogantes sempre que questionados sobre sua forma de trabalhar, mas jamais deixam de ceder a uma abordagem serena e ponderada, especialmente quando nas discussões o assessor ou entrevistado demonstra humildade nos seus questionamentos.

“Derrubar” uma matéria e esquecer de avisar do adiamento ou cancelamento é natural por parte de produtores de tevê. Isso costuma ocorrer e muitas vezes há razões justificadas para a suspensão da reportagem. Ainda que a pauta envolva “sonoras” - entrevistas com crianças, idosos, deficientes ou que obrigou o entrevistado a adiar compromissos importantes apenas para atender o pedido da redação - há que se ter tolerância.

Ninguém acorda decidido a frustrar as expectativas de alguém cancelando uma matéria. Na verdade, a tarefa de avisar sobre o adiamento ou queda de uma pauta é uma das mais árduas funções dos jornalistas de redação. Não poderia ser assim se, do outro lado, houvesse quem soubesse compreender ou negociar a situação.

Na visão da imprensa e do público em geral, inaugurar uma escola, construir pontes, asfaltar ruas, construir postos de saúde, criar leis, serviços e obras sociais são obrigações do homem público. Assim como vender sorvete ou chocolate de boa qualidade é um dever do fabricante. Deixar de fazê-los ou cumpri-los inadequadamente gera pauta. Para os gestores, não poderia ser bem assim, mas é dessa forma que se movimenta a imprensa.

Um dos propósitos do media training é potencializar o trabalho das assessorias de imprensa, permitindo a perfeita compreensão do seu funcionamento. Quanto mais amplamente aplicado, esse importante método apresenta mudanças significantes e os resultados poder se refletir no comportamento da imprensa externa e, obviamente, nas matérias sobre a instituição.

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