terça-feira, 6 de outubro de 2009

ENTREVISTA JORGE DUARTE

Jorge Duarte, conceituado jornalista e relações públicas, é doutor e mestre em Comunicação Social. Atualmente é técnico em Comunicação Social da Embrapa e, sabe-se que é um dos homens de confiança do governo Lula. É autor dos livros Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia: Teoria e Técnica (2003, 2ª. Edição), além de Métodos e Técnicas de pesquisa em Comunicação, com Antonio Barros (2005, 1ª. Edição), ambos da editora Atlas.
Infelizmente, não o conheci pessoalmente por conta de um atraso no vôo dele, de Curitiba para São Paulo, em 2004. Eu estava a caminho de Fortaleza para um curso, pelo Comunique-se, para jornalista-assessores de imprensa do BNB-Banco do Nordeste, e havíamos combinado de nos encontrar em Congonhas. Não deu. Mas dia seguinte nos falamos por telefone e obtive dele uma entrevista enriquecedora.

Duarte é também um dos autores do manual de relacionamento da Secretaria de Comunicação do Governo Federal para com a mídia em geral. Suas considerações sobre crise são as seguintes:

Cassimiro - Qual a melhor definição de crise?

Jorge Duarte - Eu diria que crise é um acontecimento inesperado que pode causar danos importantes como abalar a reputação de uma instituição ou pessoa.

Cassimiro - Por que as crises são mais comuns no setor público?

Jorge Duarte - Os motivos são variados, mas não resta dúvida de que é onde acontecem as crises mais freqüentes e importantes. Na prática, há crises todos os dias, de diferentes proporções e duração. Há muita visibilidade nos atos e falas dos governantes e do próprio Estado, há o embate político como rotina, a oposição, uma série de órgãos fiscalizam todas as práticas, e, ainda, cobrança muito forte da sociedade e da imprensa já que todas as práticas governamentais dizem respeito ao interesse público.

Cassimiro - Que iniciativas são fundamentais no gerenciamento de crise em uma instituição pública?

Jorge Duarte - Diria que a principal iniciativa ocorre antes da crise: ter uma equipe de comunicação competente (preparada, profissional, hábil) e ouvi-la. Durante a crise, é importante manter a frieza, a sensatez e avaliar com cuidado cada opção. E, de nenhuma maneira, perder a iniciativa.

Cassimiro – O que faz um comitê se tornar eficiente em administrações de crises?

Jorge Duarte - Ter informações suficientes, influência sobre o administrador, ser integrado por pessoas com diferentes visões de mundo, mas que atuem de maneira cooperativa e organizada. É importante haver uma liderança que tenha iniciativa, decida rapidamente e assuma a responsabilidade pelas decisões.

Cassimiro - Quem está mais capacitado para gerir crises em uma assessoria de comunicação?

Jorge Duarte - Acho que depende mais da experiência do profissional, independente de quem seja.

Cassimiro - Até que ponto o brainstorming pode ser útil na previsão de eventos inesperados?

Jorge Duarte - É difícil prever eventos inesperados, mesmo com brainstorming. Acho que este tipo de reunião pode ser útil para estabelecer mecanismos, processos e procedimentos em caso de crise, mas não sei se seria viável como alternativa de previsão de crise. Para elaborar planos de contingenciamento, sim.

Cassimiro - A crise política atual está sendo útil ao Governo Federal?
Jorge Duarte - Qualquer governo aprende com uma crise. A sociedade também. Os políticos e autoridades podem, pessoalmente, perder com uma crise, mas o governo e a sociedade identificam falhas, corrigem erros, avançam institucionalmente. Governantes, imprensa, todos aprendemos com ela. Isto não significa que seja boa. O ideal é que não ocorresse.

Cassimiro - Que conselho você daria a um político para que estivesse preparado para o enfrentamento de eventuais crises?

Jorge Duarte - Ter uma boa equipe de assessores. Eles devem atuar como profissionais, não como aprendizes de feiticeiro ou bajuladores.

Cassimiro - Que atitude deve ter o profissional para ser bem-sucedido na gestão de crises?

Jorge Duarte - Talvez liderança, iniciativa, frieza, bom senso, capacidade de ouvir, argumentar e decidir sejam alguns pré-requisitos.

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